Pages

Mensagens populares


AddToAny

Exames

Publicação em destaque

Paypal

Mensagens populares

Avançar para o conteúdo principal

Das independências às liberdade



Introdução


O autor logo de partida deixa claro que em qualquer situação e ambiente histórico-cultural o filósofo é sempre requerido a fazer valer o sentido de tudo quanto há. Porém o autor avança seguidamente que actualmente a resolução dessas questões sociais deve ser guiada por uma “análise ampla e profunda”, portanto corresponde tarefa das ciências sócias modernas.

Para o autor é tarefa da actual geração, elaborar um futuro diferente do presente que se vive e observa. Salienta que todos os planos e projectos elaborados depois das independências resultaram no insucesso. Para o autor a razão para tal insucesso pode ser, por esses anos terem sido de “ondenação” ou “implosão”. Para todo caso o autor chama nos a buscar a nossa missão, que é o futuro, no entanto só sabendo exercer com excelência a nossa função na sociedade podermos alcança-lo.

Todo profissional conhece e, conhecendo poderá ocupar excelentemente o seu papel na sociedade para a construção do futuro, mas, o autor nos convida a reflectir acerca do papel do filosofo nesse desenlace. 

O autor assegura que se o problema do futuro fosse simplesmente a edificação de infra-estruturas o filósofo teria ai palavra, mas vai mas além. Trata se segundo o autor do “tipo de homens que queremos que sejam os moçambicanos amanhã”. Para o autor é um problema filosófico, pois é com o voto que a sociedade a partir dos projectos apresentados pelos partidos políticos escolhe o tipo de amanhã que deseja e anseia.

A democracia não é apenas o voto, mas a forma do povo participar nas decisões sobre a sua realidade cultural e social e a forma de construir deliberadamente o futuro sem condicionamentos ideológicos.

O autor recomenda a análise e discussão da história para melhor construção de um novo futuro, diferente do já vivido, o futuro programado e elaborado pelo “Estado Novo Português” e pela “Frelimo”.

O argumento que a filosofia permite o futuro e, é própria missão dela questionar o tipo de futuro. Portanto, vira primeiramente as suas atenções à Filosofia Africana.

De antemão critica-a severamente, por esta ser virada completamente ao passado. Para o autor a Filosofia Africana, é uma “filosofia Bantu”, uma filosofia presa ao “apriori etnológico”.


Críítica da crítica

O presente trabalho expõe de forma resumida o sexto capítulo (critica da critica) do livro do professor Dr. Severino Ngoenha: Das independências às Liberdades. O capítulo aborda e faz uma crítica a crítica feita por Hountondji e Towa à Etno-filosofia. O trabalho é fundamental para para aquisição de saberes que nos permitirão ser verdadeiros filósofos e pensadores do amanhã. Espera-se do trabalho uma melhor satisfação ao dilema da não existência da Filosofia Africana e uma melhor compressão dos argumentos prós e contra. Para a consecução do trabalho usou-se uma metodologia de pesquisa bibliográfica e hermenêutica assente na interpretação.

Ngoenha cita antes de mais, Olabiyi Babola Yai que, por sua vez salienta que é necessário fazer uma discussão radical com Hountondji visto que, pela sua definição Eurocêntrica da filosofia nega a existência da filosofia Africana.

Ngoenha sublinha que se aceitarmos a filosofia europeia como primeira e pura, confirmamos assim, e aceitarmos a Filosofia Africana como apenas respostas sobre a existência da filosofia. Portanto Ngoenha nos convida a pautar por uma questão não inocente e nem objectiva. Devemos indagar se o caminho percorrido pela filosofia grega é universal, o que de antemão prova-se contrário pois, a filosofia grega é uma influência das culturas africanas e asiáticas, estas culturas ajudaram na formação da cultura grega que deu origem a filosofia. Vários são os trabalhos que provam este facto, dentre os quais o livro Nações Negras e Cultura de Cheikh Anta Diop. (cf. NGOENHA, 1993: 101)
Ngoenha serve-se de Towa que confirma uma origem não grega da filosofia, sustenta que os textos sobre o antigo Egipto nos permitem conceber a origem da filosofia antes de Tales de Mileto, acrescenta, floresceu nas margens do Nilo, e sublinha o Egipto como quem terá aberto o caminho (cf. ibid).

Ngoenha portanto, defende que o ponto de partida para o debate sobre os problemas filosóficos na África Negra deve ser não somente a etno-filosofia mas o problema do etnocentrismo filosófico ocidental. Pois até a própria etno-filosofia tem origem no etnocentrismo. Portanto este etnocentrismo filosófico ocidental tem consequências nefastas pois, obriga-nos a europeizar a nossa filosofia (etno-filosofia) para que possa ser filosofia. Towa é um exemplo concreto desta influência uma vez que, convida-nos a europeizar-se e a se deixar assimilar pelo ocidente.

É com Hountondji que Ngoenha apresenta-nos a crítica da crítica, ou melhor a crítica à etno-filosofia. Segundo Ngoenha, Hountondji define a filosofia como um conjunto de textos e de discursos explícitos, literários de intenção filosófica. Uma definição que Ngoenha contesta, pois afirma: a intenção não faz filosofia. Portanto Hountondji diz que a filosofia é útil se libertar o continente, e saliente que a África não precisa de filosofia mas, de ciência. Portanto afirma Ngoenha: “Hountondji reduz Filosofia à Epistemologia”. E conclui recorrendo a Towa que, Hountondji faz discursos sobre discursos.

Ngoenha faz menção da crítica da Etno-filosofia feita por Hountondji e Towa, saúda a luta contra a negritude e sublinha que a critica é radical por carregar uma definição eurocêntrica da filosofia. Definição resultante segundo Ngoenha que, cita Armdy Aly Deing, do uso do termo etno-filosofia como consequência lógica da falta da crítica para com a orientação eurocêntrica da filosofia universitária.

Ngoenha, cita B. Binda, que, a partir de uma leitura não polémica de Tempels falara de uma ‘filosofia etnológica’. Retomou a argumentação de Tschiamalenga Ntuma, para mostrar que uma interpretação não dita o tipo de filosofia. Pois se dita, então toda filosofia hermenêutica é etnológica e, por conseguinte a palavra etnologia é inocente.

Ngoenha conclui que não existe unanimidade em nenhuma sociedade como disse Hountondji; a filosofia envolve responsabilidade pessoal do autor, portanto a interpretação da filosofia desse autor não impede que essa filosofia permaneça desse autor e, para findar o unanimismo e assim concretizar o projecto crítico, saliente que, por causa da transmissão oral a ideologia partilhada por uma determinada comunidade intelectual numa sociedade sem escrita não tem fundador. Facto que conduziu Tempeles a considerar como diz Binda, “o pensamento Lubashanbakadi como pensamento de todos bantus”. Mas afirma Bindi, “é doveroso reconhecer a existência de um conjunto de traços e comportamentos que são manifestamente comuns a todos homens da área cultural Bantu, traços que os singularizam de uma maneira particular em relação a todos os outros grupos” (BINDA apud NGOENHA, 1993: 103).


Posto tal, Ngoenha encerra a crítica da crítica recorrendo a Niemekey Koffi que define Towa e Hountondji como filósofos sob uma égide ‘elitista ocidental’, apesar de terem refutado a Negritude e o Africanismo.

Bibliografia

NGOENHA, Severino Elias. Das independências as liberdades. Maputo, edições paulistas África, 1993.

Comentários