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Política em Diferentes Épocas


INTRODUÇÃO
O presente trabalho subordinado ao tema Política em Diferentes Épocas, propõem expor de forma clara e coesa, as concepções políticas defendidas ao longo das épocas, no entanto como aluno de Filosofia, a nossa atenção estará virada mais aos filósofos que assim se destacaram neste marinhado.
 O trabalho está dividido em quatro pontos, o primeiro sobre a política na idade antiga, o segundo a política na idade média, o terceiro a política na idade moderna e o último a política na idade contemporânea.
O trabalho tem grande relevância na nossa vida académica assim como nos ajudará a pensar melhor o nosso Moçambique Democrático pois, aqui veremos o verdadeiro conceito e objectivo da democracia. Para a consecução do trabalho usou-se uma pesquisa bibliográfica alicerçada pela hermenêutica.

1. POLÍTICA NA IDADE ANTIGA

Para os gregos da antiguidade, a Cidade não era uma palavra qualquer. Ela representava o ponto de convergência de todo o relacionamento humano. A vida política – politéia , vida da Cidade era muito diferente da de hoje, pois concebiam-na como Cidade-Estado. Nesse sentido, tudo se direccionava para a Cidade. O político, nestas circunstâncias, é o homem capacitado a conduzir as pessoas dentro da Cidade, porém, para fazê-lo com segurança e equilíbrio, deveria ser ensinado por um filósofo, pessoa mais conhecedora do sumo bem.

1.1 O Pensamento Político de Platão

Platão foi um dos expoentes da filosofia política clássica. Em seu livro República retrata a imagem de um Estado ideal. Para ele, a Cidade deveria ser conduzida pelo filósofo, o único ser capaz de orientar a acção humana para alcançar o Bem-comum. Em sua utopia, divide a sociedade em três classes: filósofos, soldados e escravos. Os escravos deveriam trabalhar, os soldados defender a Cidade e aos filósofos cabia o papel relevante de organizar, conduzir os negócios do Estado.        Aranha e Martins afirmam de Platão: “se para Platão a política é a arte de governar os homens com o seu consentimento e o político é precisamente aquele que conhece esssa difícil arte, só poderá ser chefe quem conhece a ciência política” ( ARANHA e MARTINS).

1.2 O Pensamento Político de Aristóteles   

Aristóteles, outro grande pensador da Grécia antiga, disse que a Cidade repousa sobre a sociabilidade natural. Para ele, os cidadãos de uma mesma colectividade, em sua diversidade e na desigualdade de suas actividades, aprendem a participar de uma obra comum tendente à autarcia do todo. A constituição indica de que modo organizar os melhores poderes em cada caso, distinguir os cidadãos, aqueles para os quais se exerce autoridade política, os que a exercem, capazes de deliberar e de agir em conjunto.
Segundo Aranha e Martins “A reflexão aristotélica sobre a política não se separa da ética, pois a vida individual está imbricada na vida comunitária” (ARANHA & MARTINS, 1992: 459). Portanto Aristóteles defende que o bom governante deve ter a virtude da prudência prática, pela qual será capaz de agir visando o bem comum. Daí que com os clássicos a grande preocupação da política estava voltada a obtenção do bem comum.

2. FILOSOFIA POLÍTICA MEDIEVAL

Idade Média, período que vai de 476 (queda do Império Romano) até 1453 (tomada de Constantinopla pelos turcos), havia muita confusão entre o direito público e o direito privado, a inexistência Na  de um espírito crítico e a procedência divina para os governantes do povo. No início, o poder divino era atribuído à Igreja; depois, aos reis. Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino é os principais nomes ligados à filosofia e por decorrência à filosofia política.

A filosofia política da Idade Média foi fortemente influenciada pela filosofia grego-romana, pela religião cristã e pelo islamismo. Baseando-se numa visão holística, ela reforça a concepção geral de uma ordem divina do mundo, que contribui para a realização de uma ordem civil piramidal e desigual. O pensamento político europeu passa da civitas  (cidade) para o regnum, o reino (o Cristo-Rei). Além disso, tem como princípio fundamental a citação de Paulo: Non est potestas, nisi a deo, que se traduz por "Todo o poder vem de Deus" (cf. RUBY, 1998:42)

 2.1 O Pensamento Político de Santo Agostinho

Santo Agostinho (354-430), um dos grandes baluartes da Idade Média, em a Cidade de Deus, reabilita o poder que deve ser conferido a Deus. O pensamento político contido na Cidade de Deus forja-se no encontro de duas tradições: a da cultura greco-romana e a das Escrituras judaico-cristãs. Da Antiguidade grega Agostinho retém as ideias de Platão (República e Leis). Traça, assim, os planos de uma cidade ideal, a Cidade de Deus, em contrapartida com a da cidade terrestre, em que predominam a guerra, a injustiça, o egoísmo etc. Para ele, uma Cidade perfeita não poderia existir senão no Além.

 2.2 O Pensamento Político de Santo Tomás de Aquino

Santo Tomás de Aquino (1225-1274), outro grande pensador religioso da Idade Média, além de Aristóteles recebeu também a influência do Islamismo (que prega total submissão a Deus). Na sua concepção de poder, o princípe-rei consiste em promulgar regras de acção segundo a proporção (justiça distributiva) ou a igualdade (justiça comutativa) e em reger uma vida boa (bona vita) para os súditos cuja virtude consiste inteiramente na obediência. O poder real, o poder divino, o dominium pertence à Igreja, a entidade mais preparada para interpretar a revelação divina. "É por isso que sob o Evangelho de Jesus Cristo os reis devem estar submetidos aos padres".

A filosofia política deseja obter a unidade da Cidade. Ela estabelece a necessidade de distribuir essas partes entre as quais os padres que rezam pelo povo, os príncipes que o governam, os cavaleiros que o defendem – segundo funções específicas. Ela explica que cada um deve realizar a sua tarefa. Quanto ao rei, tem em seu reino o lugar que Deus tem no universo e alma no corpo: dirige. O poder maior cabe à Igreja, que constituindo o papado, torna-se uma força política ainda maior, a tal ponto de proibir aos clérigos pagar impostos ao rei.
Entre os séculos XVI e XVIII constrói-se uma teoria monárquica de direito divino, segundo a qual o rei-legislador é provido de um poder que emana directamente de Deus. Essa nova filosofia política concede ao rei total independência da Igreja. A pessoa do rei é considerada sagrada e ninguém poderia atentar a seu poder, que aliás não se exerce sem regra: a lei divina prescreve-lhe deveres aos quais ela deve ater-se sob pena de passar por um tirano. Nesse estado de coisas, chama-se a isso direito divino, porque o lícito resulta de uma prescrição divina. 

3. FILOSOFIA POLÍTICA NA IDADE MODERNA    

A partir de 1500 vemos a formação dos Estados modernos. Os filósofos e políticos dessa época têm como objectivo central persuadir o homem a se libertar do poder transcendental. O ponto de partida é o movimento da Reforma, iniciada por Lutero e Calvino no começo do século XVI, em que ao se insurgirem contra as directrizes da Igreja Romana, abrem caminho para a crítica do poder divino dos Estados. As normas do direito natural, e não as pretensas revelações divinas, devem nortear a governabilidade dos povos.                 

Nesse período (séculos XVI-XVIII), que pode ser descrito como a modernidade e unidade pela vontade, o papel da filosofia política é dispor e expor os novos conceitos que vão aparecendo no sentido de libertar o homem da influência misteriosa e oculta do divino. Descartes (1596-1650), por exemplo, condena os "humores desordenados e inquietos" dos políticos que tentam constantemente usurpar o poder. A teoria política quer-se primordialmente dessacralizados e desmistificadora, antes de tornar-se mobilizadora.                       


A filosofia política começa a elaborar as suas teorias, embora controversa em torno do direito natural e não mais em função da força, do dinheiro ou do poder transcendental. Os filósofos políticos começam a descrever a soberania como uma situação em que há anuência de todo o povo em relação aos seus representantes. Fala-se muito da vontade geral direccionando todos os actos das pessoas para esse tipo de controlo político e social. Espinosa, Hobbes, Locke, Kant e outros são os propagadores desta nova dimensão da política e da função do Estado na vida económica de um país.                


A efervescência dessas novas ideias desemboca no Contrato Social de J. J. Rousseau (1712-1778), publicado em 1762, em que nos seus quatro livros procura enaltecer o Estado (1.º livro), a sua dinâmica (2.º livro), o governo (3.º livro) e "os princípios do direito político" (4.º livro). Fala-nos da vontade geral, elemento-chave para a articulação de todas as políticas. Para ele, a vontade geral supõe que cada um (e não grupos, facções, partidos) se dê inteiramente, no ato de formação do povo pelo qual a vontade geral se engendra, e cuja soberania exprime a legitimidade.

4. FILOSOFIA POLÍTICA NA IDADE CONTEMPORÂNEA

4.1 SÉCULO XIX

4.1.1 A Revolução Francesa
Data simbólica e comemorável de 1789, foi um divisor de águas na dimensão da filosofia política: além das questões do direito natural ou da vontade geral, a atenção focaliza-se na forma de governo e na formação dos cidadãos, nos movimentos e nas paixões das multidões. A filosofia do contrato social passa a dar lugar a uma filosofia política que leve em conta as forças contrárias que percorrem o campo político da história. Esse é o clima reinante no processo histórico entre 1800 e 1900.

Os conflitos no interior da filosofia dizem respeito à dicotomia entre a segurança da razão e as violências da história. Os filósofos políticos são obrigados a reformular os conceitos de súdito, cidadão, direito, lei, Estado, Nação etc. Por intermédio das revoluções, os princípios da autoridade legítima são respeitados. A questão primordial é: por que meios os delitos são punidos.
                                       
4.1.2 O Estado, a Nação, o trabalho e a indústria
 São alguns temas de destaque nas lucubrações dos filósofos políticos desse período histórico. Cada qual, a seu turno, dá a sua contribuição. Hegel (1770-1831), por exemplo, diz que o Estado não é questão de contrato nem questão de simples segurança ou de polícia, mas uma questão de educação, de atitude e comportamento direccionado ao quadro da "sociedade civil", no sentido de buscar um querer racional de um fim superior. Reitera que se deve levar a sério o termo "constituição" para que se possa prover a instituição e esta proteger o indivíduo.

 4.1.3 O positivismo
O Positivismo de Augusto Comte (1798-1857) teve também a sua influência. A sua filosofia política, derivada da física social, pretendia oferecer uma coexistência pacífica entre a ordem dos conservadores e o progresso dos revolucionários: pregava o amor como princípio, a ordem por base e o progresso por fim. Na política positiva de Comte há quatro forças sociais existentes:
a)      Os filósofos  (classe especulativa);
b)       As mulheres  (classe afectiva);
c)       Os detentores de capitais  (classe patrícia);
d)      O proletariado  (classe plebeia) -, correspondentes às quatro faculdades humanas, ou seja,  saber, amar, querer poder.

4.1.4 A questão social 
A oposição entre ricos e pobres, consubstanciada na luta de classes de Marx (1818-1883) tem presença garantida nas discussões dos filósofos do século XIX. Daí surge o termo socialista, e mais tarde os socialistas utópicos ou românticos, representados por Saint-Simon (1760-1825), Fourier (1772-1837) e Proudhon (1809-1865). Estes filósofos pretendiam idealizar um modelo de Estado que pudesse suprir as necessidades da população, promovendo, como consequência, a harmonia e a perfeição de todos os membros da sociedade.

O Século XIX, como vimos, foi rico em novas concepções do Estado e da actuação da filosofia política. Acrescentamos ainda todos recursos da comunicação de massa e os efeitos da propaganda na veiculação da ideia política.

4.2 SÉCULO XX

Enquanto o Século XIX é marcado pelas luzes da razão, o Século XX assiste a uma usurpação da política no sentido de abafar as vozes dominadas ou frágeis. O povo parece ignorar a dimensão política da vida. O político, devido às suas diversas falcatruas, cai no descrédito da sociedade, sendo motivo de muitos ditos jocosos e pejorativos. Em síntese: os políticos metamorfoseiam a política em simples administração.   

Os estados totalitários e as guerras são os característicos desse período histórico. Observe que o povo, que deveria ser educado para pensar por si mesmo, é submetido aos cânones da massa média . Campos de concentração, massacres, torturas, revoluções são as palavras-chaves. Os políticos, ao se utilizarem de um partido único, acabam por incentivar a destruição da divergência e da controvérsia, elementos sumamente importantes na formação da cidadania.

Martin Heidegger (1889-1976), pelo seu desprezo por tudo o que é comum entre os homens, coloca-se ao lado dos que o aceitam. Émile Zola, por querer intervir a favor da verdade e da justiça, e Habernas (1926), ao elaborar o conceito de espaço público, em que o Estado democrático moderno padece de vê-lo colonizado pela mídia e pelas outras instâncias de confisco da palavra (ou de impregnação de modelos rígidos), estão ao lado daqueles que querem a modificação.

Nesse período histórico, alguns temas são revisitados:  acção, político e prudência. O campo da prudência está conectado com o do agir, ou seja, ninguém deve agir por impulsos. A questão da prudência, já abordada por Aristóteles e outros filósofos da Antiguidade, assume aqui o seu sentido. A prudência política evoca, negativamente, a obrigação de evitar a temeridade e, positivamente, a obrigação de deliberar a fim de indicar um escolha preferencial.

Outros temas entram no debate, entre os quais destacamos: a universalidade regional e corpo político, sobrevivência do sagrado e função do entusiasmo na política. Dentre todas as discussões, a que lança o Estado na sua função precípua de guardião da justiça e do bem comum é a que mais motiva os filósofos políticos.


CONCLUSÃO

Depois de uma longa corrida em torno das diferentes ideias políticas que marcaram cada época, onde pode-se perceber atravez desta viajam que a política desde a sua origem na antiguidade ou, como bem dizia Platão e Aristóteles, surge com o homem, por um lado por naturalmente e por outro convencionalmente, o seu objectivo foi sempre o bem comum na comunidade. Portanto a os filósofos da idade média, cingiram em considerar este bem comum como um bem eterno, e reduziram a política ao serviço da religião, assim a política tornou-se um meio para o alcance do bem da alma ou melhor, do reino dos céus (cidade de Deus). Mas sem total satisfação com esse regime que por um lado mostrou-se ditatorial, os modernos vem impor novos ideias, a ideia do liberalismo. Propunha-se assim pela primeira a vez a na história do homem a ideia dos direitos privados e a ideia da propriedade privada. Porém estes ideias ainda continham alguns traços da aristocracia, por isso os contemporâneos com ideias socialistas e Democráticos tendem a eliminar estes traços propõem uma política mais humana que capitalista.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, MARTINS, Helena Pires. Temas de Filosofia. Editora Moderna. São Paulo, 1992.
RUBY, C. Introdução à Filosofia Política.  São Paulo, UNESP, 1998.

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