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A História de Deus: uma linguagem do homem sobre Deus

 

Direitos autorais: artphotoclub


O presente artigo propõe discutir a evolução metafísica da humanidade até chegar a afirmação absoluta da ideia de Deus. Será que é possível a partir do idealismo conceber o descobrimento de Deus? Será Deus que se revelou ao homem ou o homem é que o descobriu? Para responder estas questões intrigantes e convidativas traçaremos uma linha recta, como aquela traçada pelo cristianismo para dar o significado do fim da história antes visto pelos filósofos da antiguidade como cíclica e hoje, secular conforme o cristianismo. Haverá no entanto um momento apocalíptico que marcará o fim da história e a restauração do mundo, desembocando em um mundo perfeito e na plena felicidade do mundo.

Para melhor compreensão deste longo debate faremos como sugere Descartes, dividir em metades, portanto temos o primeiro ponto que pretende perceber como o homem conheceu Deus, o segundo que faz uma análise da saída do materialismo para o idealismo e, como esta saída permitiu ao homem conhecer Deus, e por último temos o ponto que mostra o homem chegando a Deus, o momento austro do presente artigo.

De Deus a Eu ou do Eu a Deus?

Chamamos geralmente universo a um conjunto de di-versos elementos num só. É assim que é feito o homem, de uma diversidade de elementos. E o seu pensar não escapa desse obsceno centro de agregação e unificação de fragmentos perdidos. Cada homem tem pelo menos um traço de outro homem, daí a necessidade de ser regenerado e adquirir um novo EU com uma personalidade formada unicamente na sua relação com o seu criador (DEUS).

O homem é um ser de origem social, nasce na sociedade e é educado por um sistema de ensino de homens para homens com razões excentricamente humanas. Procura a perfeição na imperfeição, facto que o deixa completamente desnorteado, sem saber qual rumo seguir e como buscar o significado da sua breve passagem da terra.

É perante o pranto, a miséria e as mais variadas sensações desesperadoras que, o homem toma consciência da sua promessa genética de procurar se religar a divindade (relegere = religião).

Para karl Marx a religião é o ópio do povo. Porém, analisando desde o principio dos séculos isso revela-se historicamente contrario a realidade patente ao longo do desenvolvimento humano. Os mitos da antiguidade grega rezam ter sido a deusa eros (amor) que terá unido o cosmo (ordem) assim, acabando com o caos (desordem). Facto que testemunha claramente a religiosidade do homem, um desejo ardente de descobrir e conhecer o divino que por séculos fomentou aos homens do passado à criação de deuses: dá êxtase á espiritualidade.

Êxtase significa fora de si. É fora deles que os antigos conseguiam ver uma divindade que pudesse mesmo que em silêncio responder as suas preocupações diárias e as suas reflexões filosóficas sobre o arche, as patologias e toda uma série de enigmas indecifráveis cientificamente. O maior erro de predicar estátuas como deuses foi a não observância do estado a que estes deuses se encontravam, pois com a chegada do moderno ou melhor, do curioso moderno, que na tentativa falhada de satisfazer sua nata curiosidade num, lance que mudou todo um pensamento construído em séculos de profunda guerra sapiêncal entre mitos e oráculos, deixou cair e espatifar-se ao chão em pedaços desmiolados o deus da criação que, outrora era um arquitecto engenhoso na arte de bem-fazer mas agora tornara-se desprezível até para servir como enfeite em casas e ruas de suas criaturas. Um deus inútil que não soube protege-se a si próprio, como poderia proteger a sua criatura? O moderno revelou uma fantasia criada em séculos de mistérios, em apenas segundos mudou completamente a história da génese do cosmo e do homem. Portanto imbuído pela responsabilidade da morte e desaparecimento físico dos deuses antigos, tornou-se sua inescrutável obrigação trazer uma solução: a criação do novo deus da criação. É com muita ironia que o moderno apôs ter sido condenado pelo tribunal natural, representado por Descartes apresentou ao mundo o espiritualismo. Descartes não foi criado por deus, pensa e existe. Para ele a realidade é idealidade, o mundo exterior está no nosso pensamento. Uma tentativa subjectivista fracassada, já que por negar tudo para colocar apenas o pensamento descartes cai num cepticismo que o faz solitário, fica sozinho no mundo uma vez que, somente ele pensa.  

O objecto e o sujeito

Na teoria do conhecimento, conhecer é a correlação entre o sujeito e o objecto, em que o sujeito aprende o objecto. É neste debate que surgem várias teorias, alguns a defender que o sujeito é quem cria o objecto (idealismo), e outros que só o objecto existe (materialismo).

O homem antigo esteve preocupado com o mundo circundante, por isso era um fiel escravo da sua cosmovisão, para ele, deus estava fora de si; por isso foi deveras por muitas vezes identificado em objectos matérias. No entanto é com o medievo e moderno que nasce a espiritualidade. O moderno preocupou-se em si mesmo, acordou da sua consciência cósmica, meteu-se em si e voltou para si e descobriu-se. E concluiu que o deus do mundo não é o objecto porque é produto do pensamento humano, deus é o sujeito, pois o mundo exterior está no pensamento. É do pretenso pensamento como motor e automóvel do mundo que o mundo descobre [mesmo que não seja] pela primeira vez o deus desconhecido. Um deus invisível mas real, incapaz de ser totalmente classificado pois é transcendental, conhecido somente pela fé.

Do niilismo ao ateísmo

O homem tem cingido em inventar teorias racionais que defendam a sua existência para justificar a sua irracional breve passagem pelo mundo e, o seu fiel desaparecimento físico. É doloroso planear e perspectivar o seu fim, sem nunca poder encontrar uma verdade firme a respeito da sua génese. Heidegger, o homem da certeza existencial, afirma no seu dasein eloquente que, a única certeza que o homem tem é de que um dia morrerá. Portanto só resta ao homem refugiar-se no pensamento do espanhol Ortega y Gasset que mostra a dimensão metafísica do homem a partir da sua fraqueza em não poder conhecer uma certa classe de objectos que há no universo, concluí ser, a incompatibilidade da razão: nem todos os dados do universo estão expostos ao conhecimento humano; que o impede de aceder a estes objectos, portanto denuncia assim uma total dependência do transcendental divino no homem. 

O axioma do dana traduz que do nada nada vem, Deus não foi criado contudo não vem do nada auto-criou-se e isso é um absurdo para quem acredita no nada pois assim chegaríamos como Aristóteles a um motor imóvel. E seriamos obrigados a acreditar fielmente numa possível existências sem causa, logo se o niilismo não é suficiente para contrapor o facto da existência do nada, resta-nos refugiarmo-nos no ateísmo. É este o pontapé de saída que levou Nietzsche a sustentar a morte de deus, pois acreditou numa crise de valores em que nem o bem nem o mal são condicionais para uma vida humana sustentável.    

O cristianismo e o encontro com Deus

Para os críticos o cristianismo leva-nos a solidão, porque a salvação não é colectiva, é individual. Coloca a solidão como substância da alma. Contudo somente o cristianismo leva-nos ao encontro com Deus. Um encontro que reside no fundo da intimidade da alma. O Deus cristão é um Deus transcendente e o cristianismo faz com que o homem acredite nele. É um deus aberto e disposto a habitar na alma de quem crê. 


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