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Estética e Filosofia da Arte

O presente trabalho propõem responder a pergunta se, a Estética e a Filosofia da arte designam a mesma disciplina filosófica? E, é argumentalmente que baseando-se em Aires de Almeida o grupo responde não.
Olhando de forma superficial, a estética e a filosofia da arte parecem sinónimos. Mas analisando de forma teoricamente mais precisa e rigorosa isso deixa de ser assim. No entanto afirmar a diferença entre estas duas disciplinas sem antes apresentar devidamente os possíveis contornos para que se chegue a esta quase embaraçosa verdade é absolutamente absurdo e duvidoso. Por isso, de uma forma clara e concisa, apresentamos argumentos filosóficos que mais que alicerçar a afirmação da distinção entre estas disciplinas, provem epistemologicamente esta afirmação desembocando assim num saber positivo.
O termo estética foi introduzido na filosofia por Alexander Baumgarten (séc. XVIII) para designar uma forma de conhecimento sensorial diferente e independente do conhecimento racional. A palavra estética, do grego aisthesis significa percepção ou apreensão pelos sentidos. De uma forma homogénea, os filósofos do século XVIII definiram a estética como o estudo da beleza, em particular a beleza patente nas obras de arte. Uma definição que trouxe muitas controvérsias aos filósofos do século XX, que assim, pela primeira vez viram a distinção entre a estética e a filosofia da arte.
A filosofia da arte ou seja, a reflexão filosófica sobre a arte remonta a Platão e Aristóteles. Em Platão a arte não está totalmente vinculada a beleza uma vez que, o que dela mais importa é o seu pendor ético, o seu objectivo é mais pedagógico que estético, assim deixando de haver uma relação entre ambas. No entanto a filosofia da arte e a estética nasceram separados.
O simples facto da divergência teórica e cronológica no nascimento das duas disciplinas não comprova na sua completude a distinção entre elas, pois há quem defenda que a apreciação de uma obra de arte assim como de um objecto estético proporciona o mesmo tipo de experiência, a experiência estética. Para tanto, precisamos uma definição de experiência estética para uma melhor compreensão da noção de beleza bem como da discussão filosófica sobre a arte.
Para distinguir o estético do não estético surgem certas teorias que conciliam o prazer da apreciação de um objecto à classe a que ela pertence. Distingue-se três teorias: as teorias orientadas para o sentimento, as teorias da atitude estética e as teorias orientadas para o conteúdo.
Para as teorias orientadas para o sentimento, a distinção entre o estético do não estético centra-se na descrição do prazer estético; Para as teorias da atitude estética, na distinção do modo da percepção dos objectos, destacam um modo específico, a atenção desinteressada; e as teorias orientadas para o conteúdo tendem na diferenciação dos objectos que podem proporcionar a experiência estética, destacam as propriedades estéticas.
De acordo com as duas últimas teorias, caracterizam a experiência estética a atenção desinteressada e as propriedades estéticas. A caracterização da experiência estética está também presente na noção de Juízo estético proposto por Kant (1724-1804). Para Kant o juízo estético é subjectivo, universal, desinteressado e imaginativo. Uma noção de experiência estética muito criticada, pois segundo os críticos prende-se na caracterização do juízo estético como subjectivamente universal. É devido a estas controvérsias que surge o debate sobre a atitude estética. Para essa teoria o modo diferente do normal da percepção dos objectos é o que proporciona a experiência estética no entanto, a experiência estética é uma questão de atitude. Tal como a teoria kantiana, esta teoria recebeu duras críticas, por não especificar que objectos se pode olhar esteticamente ou não. Logo, para responder a esta mais nova questão surge a teoria das propriedades estéticas. Defende que a apreciação estética não é uma questão de atitude nem de sentimento, mas de haver certo tipo de propriedades nos objectos, as propriedades estéticas, que provocam em nós experiências estéticas. Para melhor distinção do estético do não estético esta teoria propõem a classificação das propriedades estéticas em: valorativas, que acompanham os objectos estéticos e, descritivas, que são acompanham os não-estéticos. Assim como noutras teorias, existem aqui certas discordâncias, desde os realistas até aos anti-realistas. Contudo uma melhor avaliação dos conceitos experiência estética, atitude estética e propriedade estética, revela a peculiaridade da estética. Ela não abrange todos objectos, mas aqueles que apresentam credenciais suficientes que guiem-nos da contemplação do belo até a consumação da experiência estética.
Sem mudar o roteiro continuamos em busca da distinção entre estética e filosofia da arte, já definimos o que é estético, falta agora analisar o conceito de arte.
Conforme acima descrito, foi com Platão e Aristóteles que surgiram as primeiras teorias da arte. A questão primordial levada por Platão sobre a arte foi, do valor e não da natureza da mesma. Defendia ser a arte de uma natureza mimética, considerando-a cópia da cópia, assim, estando pelo menos três vezes distante da verdade, Portanto afasta o homem da verdade. Em contradição Aristóteles via na arte benefícios ao homem, porém em ambos a arte é imitação. Visão que segundo ALMEIDA:
Só viria a alterar-se no século XIX, com a valorização da arte como expressão emocional da subjectividade, defendida pelo movimento romântico, mas também com a invenção da fotografia, cuja capacidade de imitação esvaziava de algum modo a função tradicional da pintura e de outras artes visuais. (cf. 2016:400)

Porém a partir do século XX surgem diferentes definições do que seria a arte. No entanto, são três as posturas tomadas pelos filósofos na definição da arte: as definições essencialistas; os da indefinibilidade da arte; e os anti-essencialistas.
As teorias essencialistas defendem a existência de uma essência da arte, que poderá defini-la e distingui-la do que não for arte. Esta teoria é questionada pelos defensores da indefinibilidade da arte, salientam por sua vez a não existência de uma essência da arte visto que, nem todas obras de arte tem mesmas propriedades. Por não oferecerem uma definição da arte são comummente atacados. Por último existe a teoria anti-essencialista, defende que as definições essencialistas falharam, não porque a arte não pode ser definida, mas porque a sua definição não tem de ser essencialista. Lançam assim, uma nova caçada em busca da definição de arte, despertando duas grandes teorias, a institucional e a historicista, ambos definem a arte de forma diferente convergindo apenas na sua possível definição, por um lado como inserção ao mundo da arte e por outro como objectos.
A filosofia da arte ou seja, a teoria da arte vai mais além de distinguir o que é arte do que não é. Responde a questões sobre o valor da arte, a avaliação das obras de arte, o significado das obras de arte e ao tipo de coisa que pode se considerar uma obra de arte.
Quanto a questão do valor, distingue-se o valor intrínseco isto é, o esteticismo e, o valor instrumental. Da avaliação, encontramos três teorias que indicam como avaliar se uma obra de arte é boa ou má, os universalistas, os particularistas e os singularistas. Para responder como interpretar obras de arte, temos duas teorias ou perspectivas, a intencionalista e a anti-intencionalista. E por último, temos o termo estatuto ontológico como resposta a predicação das obras de arte que não sejam objectos físicos. E para exprimir temos duas formas distintas, representar e expressar. Por meio da literatura, ficção, etc.
Todo este corolário narrativo-explicativo visa responder a questão acima referida. Depois desta exposição explicativa percebe-se haver portanto uma perfeita distinção entre a estética e a filosofia da arte, sendo que, enquanto uma dedica-se a questões de objectos de apreciação, outra prende-se somente na análise de objectos para a apreciação.
Conforme sugeriu-se na guisa de introdução, os argumentos para a distinção das duas disciplinas são de uma forma geral na linhagem de Almeida os seguintes:

  1. A estética envolve objectos que de per si são belos, objectos que proporcionam uma experiência estética seja ela conduzida pela atitude estética ou pelas propriedades estéticas presentes no objecto de apreciação que proporciona o prazer estético.
  1. A filosofia da arte difere da estética na mediada que esta reflecte sobre a arte, o seu valor, sua avaliação, interpretação e o seu estatuto. Restringindo-se somente em analisar e reflectir e não apenas no estudo do que proporciona prazer como o faz a estética.
O debate continua até os filósofos contemporâneos, aqui, apenas nos restringimos em apresentar argumentos em prol da distinção, uma vez que é de um modo profissional o nosso ponto de vista. Abraçar esta posição requer muita responsabilidade dado que usualmente costuma-se chamar arte tudo que é lido como arte e estético tudo que é objecto de apreciação. Com os argumentos apresentados vemos ser necessário um melhor julgamento entre a arte e o estético pois de certa forma há entre elas uma possível destinação. 



Referencias Bibliográficas
ALMEIDA, Aires, Estética e Filosofia da arte. Lisboa, 7ª ed., 2016.

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